"Mãe de Pegação" é como Crispiana Barbosa Lima (92) é chamada em sua comunidade. Parteira, trouxe ao mundo quase todas as pessoas presentes nesta fotografia. Os que não vieram por suas mãos representam as centenas de outros que vieram. Até o instante registrado aqui, Piana - ou Mãe Piana - havia realizado 2014 partos, todos bem sucedidos, sem a perda da vida de nenhuma mamãe.
Piana é descendente direta de pessoas escravizadas, chegou a Matias Cardoso com apenas um ano de idade e lá realizou centenas de partos apenas com o conhecimento tradicional. Ela é uma parteira de referência na região e no Estado, sendo chamada para partos complicados e sendo assistida por médicos de formação convencional. Conhecer Mãe Piana me fez ficar sem palavras, sem ação. É necessário reverência diante de tamanha sabedoria e vivência. Não sei se a tive o suficiente, nem se comuniquei o tamanho do respeito e admiração que senti. Mas o que eu queria mesmo era sentar em uma mesa de café da manhã e escutá-la por horas a fio, registrar toda sua experiência.
Em 2016, Mãe Piana recebeu a Medalha Maria da Cruz, homenagem entregue pelo governador de Minas Gerais a personalidades femininas reconhecidas por sua valorosa contribuição cultural, social e econômica. Na ocasião, Piana disse: “Em 1952 fiz meu primeiro parto. Aprendi sozinha e já fiz mais de 2 mil partos desde os meus 23 anos. Nunca imaginei ver o governador aqui e me premiar por essa lembrança de vida que tenho."
Piana segue viva e atuante. Desde então, suas mãos quase centenárias trouxeram mais três pequenas vidas ao mundo. Agora são 2017 partos realizados.
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